A banalização da injustiça social
editado pela Fundação Getúlio Vargas.
Um médico jovem, que não terminou sua formação, é responsável, no
entanto, por um serviço de reanimação: o diretor do hospital se nega a
contratar mais profissionais e a remuneração deste médico é muito
inferior à de um profissional mais experimentado. O jovem médico, sério e
trabalhador, realiza corretamente as tarefas. Tudo anda nos trilhos e
vai ganhando progressivamente a confiança da equipe médica, dos
pacientes e seus familiares. Mas ele está muito preocupado porque há
muitas baixas no serviço. Alguns de seus pacientes morrem apesar dos
prognósticos favoráveis, em especial quando ele prescreve assistência
com respirador artificial em doentes entubados: muitos se asfixiam e ele
não consegue entender por que. Começa a pensar que cometeu erros, mas
não consegue descobri-los. Sente-se cada vez mais perturbado, perde a
confiança em si mesmo e, finalmente, consulta um psiquiatra para que o
ajude a lutar contra uma depressão ansiosa. Cada vez mais fechado e
irritado, se isola, fica com raiva e pouco a pouco vai perdendo a
confiança da sua equipe. Apenas seis meses depois – mesmo com a sua
situação psíquica francamente deteriorada – tem uma ideia: coloca a
máscara de oxigênio em si mesmo e se afoga ao inalar algo que, pelo
cheiro, identifica de imediato como formol. Uma investigação lhe permite
descobrir que a empresa responsável pela manutenção dos equipamentos de
reanimação não respeita os procedimentos, para ganhar tempo e suprir a
falta de pessoal.
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