domingo, 29 de setembro de 2013

HEGEMONIA ÀS AVESSAS?


HEGEMONIA ÀS AVESSAS?
"A classe dominante aceitou ceder aos dominados o discurso político, desde que os fundamentos da dominação que exerce não sejam questionados" 
(Francisco de Oliveira).

Ao falar dos perigos da despolitização em tempos de hegemonia precisamos deixar claro que o discurso moralista e contra a corrupção não pode ser o principal ou o único, sob risco de ser também um discurso despolitizado.  A principal crítica é de natureza política. O principal questionamento é ao poder político hegemônico representado pelo lulo-petismo e suas bases aliadas. Às políticas públicas que estão sendo postas em prática atualmente e aos interesses sociais, econômicos e políticos que representam.
Uma leitura despolitizada continua a ver apenas uma  inocente e necessária política de alianças onde tudo se justifica: abraçar Maluf,  apoiar e eleger Renan Calheiros, fortalecer as mais atrasadas oligarquias como Collor e Sarney ou as ‘modernizadas’ como os ruralistas, o agrobusiness.

 O poder acumulado nas mesmas mãos já dá o tom nas principais políticas sociais, econômicas, ambientais, agrárias,  indigenistas,  de saúde e educação, em franco retrocesso, mais neoliberais que os próprios e assumidos neoliberais, não poupando nem mesmo a saúde e o SUS em franca privatização.

Uma visão despolitizada e ingênua justifica o financiamento público concedido para criar os grandes campeões mundiais  ou grandes “players” globais. Uma política muito bem sucedida diga-se. O FRIBOI já se tornou o maior frigorífico do mundo. A AMBEV a maior cervejaria do mundo e seu proprietário segundo a ultima Forbes, o homem mais rico do Brasil, além do Blairo Maggi o maior plantador de soja (e maior desmatador- com o título internacional de rei da motosserra).  Basta seguir a Forbes, vão aparecer os irmãos Marinho da Globo e até o mal sucedido Eike Batista teve o seu quinhão do BNDES. É  também concentração de renda no mais alto grau.
A associação desse capital monopolista com os milionários fundos de pensão, sob controle do lulo-petismo, se constituem na base do poder econômico sem limites para a exploração desenfreada dos nossos trabalhadores e das nossas riquezas no presente e no futuro.

HEGEMONIA ÀS AVESSAS / HEGEMONIA TORTA?
Além de esclarecer aspectos importantes do conceito de hegemonia em Gramsci, o sociólogo brasileiro Francisco de Oliveira traça paralelos entre o caso concreto do Brasil sob o lulo-petismo,  configurando uma Hegemonia às Avessas:
Como na África do Sul do fim do apartheid, também no Brasil de Lula e do Bolsa Família parece que os dominados dominam, quando na verdade o governo capitula diante da exploração desenfreada
Traçando um paralelo com a África do Sul: 
“Talvez não tenha as mesmas cores dramáticas da África do Sul. Esses processos de comparação são perigosos em qualquer terreno. Mas vejo no governo do Lula algo parecido. Você derrota a poderosa discriminação social brasileira, derrota o preconceito de classe absurdamente alto num país com tradição racista, para que? Para governar para os ricos. E os ricos consentem, desde que os fundamentos da exploração não sejam postos em xeque. É o que o PT faz. É o que o governo do Lula faz. É ao avesso, portanto. A hegemonia é um conceito trabalhado por Antonio Gramsci que mostra que a dominação de classes, ou qualquer dominação, se dá sempre por uma mistura de consentimento e violência. Como sou do Nordeste, tenho muita experiência nisso. Você percebe que há um consentimento do dominado e o dominante tem obrigações que decorrem desse consentimento.  É o coronel que provê".
 Voltando à ética na política, e à corrupção, ambos encontram espaço na falta de limites ao poder político hegemônico representado neste momento pelo lulo-petismo e suas bases aliadas. A total falta de limites funciona como um verdadeiro convite ao cinismo, ao oportunismo político, à desonestidade intelectual e material, à corrupção, à impunidade.
Defender abertamente a transição de poder no Brasil, não me coloca numa posição anti-lulista/petista/dilmista e antes que me acusem de fortalecer o 'outro lado', os inimigos, devo dizer que não inventei este esquema bipolar, binário, maniqueísta e bipartidarista dissimulado. Meu universo é mais amplo e dinâmico. Também não nego conquistas e realizações sociais e históricas. Falo do presente e do futuro. 


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