Da série
Aprendi com o meu pai:
A posse de arma de fogo é apenas um último e limitado recurso de defesa pessoal do cidadão habilitado para tanto. Para se defender e a sua família.
Um direito civil do qual não abria mão. No tempo e nos lugares em que viveu era necessidade e direito, não estava em negociação. Ele via com profunda desconfiança e intenções golpistas, os governos que pretendiam desarmar a todos.
O meu pai era homem de muita paz e também de muita coragem. Viveu e morreu em paz e considerava, parafraseando meu avô, que era essa a sua verdadeira riqueza.
O velho sabia atirar muito bem, manejava uma calibre 12 com muita habilidade quando caçava perdiz em outros tempos de fauna muito abundante sem caçadores predatórios. Depois ele mesmo proibiu toda a caça, pesca e corte de árvores na fazenda e aposentou o fiel cão perdigueiro. Ninguém jamais o viu exibir ou se exibir com armas.
Arma era para ser usada em último caso, para defender a própria vida ou a vida dos seus. Jamais deveria ser usada para exibir, ameaçar ou solucionar qualquer questão. Logo, se tivesse de sacar a arma era atirar para valer ou se arriscar a ser morto. Simples assim
Era muito cauteloso e não vivia apregoando armas para todos. Muito pelo contrário. Acreditava que eram muito raras as pessoas em condições de portar armas de fogo e não gostava de exibicionismos, fanfarronices e histeria quando o assunto era arma de fogo.
Via como grande perigo a arma nas mãos de despreparados ou de valentões. Perigo para o próprio e para os outros. E desconfiava profundamente de quem vivia fazendo apologia do uso indiscriminado de armas para todos.
Ensinar crianças a atirar "para que não cresçam covardes e medrosos" é falsa educação. Coragem de verdade é uma coisa bem diferente.
Pense numa coisa perigosa: Beber e dirigir carro?
Tem muita gente dirigindo bêbada, armada e se achando.
Na verdade o avô nunca se interessou por armas de fogo. Mas sabia atirar. (O que é que aquele velho não sabia?). Ganhou de presente do filho, meu pai, uma arma que ficava guardada num cofre, como uma jóia com munição . O meu avô paterno confiava muito em Deus e a bíblia era sua maior arma. Uma fé poderosa assim como tem a minha mãe até hoje.
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