segunda-feira, 22 de junho de 2020

DANÇA PARA OMOLU

Dança para Omolu

Tambores para Omulu, Obaluê, Kalunga...
Te pedimos leve embora
a peste que nos assola.

Curvado às dores do mundo
Chagas cobertas com a palha
Omolu dança
com o xaxará e a lança.
E enquanto a morte se espalha 
O orixá diz bem alto
-Silêncio,
Sou Omolu, eu mato!


Poderosos mandam ignorar
a peste? 
ignora.
Tentam silenciar
a peste?                                                                                            
não se cala.
De olho nos negócios 
mandam apressar
 -quem tiver que morrer, que morra.             
a peste ?
só cresce.
Mandam maquiar a feiúra dos números das mortes
a peste? 
mostra a cara.
A nós
as máscaras,  
prá não pegar e não passar 
a peste?
Enterros sem cerimônia, 
seja qual for a causa.                                                 só alguns da família.


Continuaram negando 
A peste? 
Caiu matando.
Derrubou dono do mundo,  presidente, o primeiro ministro,  califa e grão vizir, assim como o peão, o bispo, a rainha o rei, 
em cheque mate.

Os que mandam todos os dias
os trabalhadores
para o trabalho e para a morte certa,
veem seu dia chegar.
Parece o fim do mundo dos livros sagrados.
Noeh faz outra arca.

A Peste derruba o mercado.
(Despejam trilhões de dólares e nada,
mercados não reagem).



Invertem-se os sinais.
Tráfego para.
Vias se esvaziam.
Aeronaves ficam no chão.
Petroleiros abarrotados 
Petrodólares de sangue, ceifaram vidas aos milhares
Agora óleo sobrando, nem de graça, nem pagando.
Em Lisboa, a já Lusitana não roda.
A economia para e o mundo
continua a girar.
Ruas desertas em Praga e Budapeste, Paris, Istambul, S. Petersburgo, Pequim, Tóquio, Seul e Ho Chi Min.
Em Nova Iorque, o Central Parque espelha um cemitério .
No Brasil acabou nosso carnaval.
Na Praça de São Pedro
só o Papa e Deus.
O mundo assiste Urbe et Orbi na TV.
Francisco desde Roma, ao universo clama por piedade
E aos humanos por mais humanidade.

Animais selvagens perambulam pelas ruas calmas.
Em Londres, aves do paraíso, pavões reais e plebeus

Ornitorrincos, anfíbios,  ovíparos, mamíferos, incríveis.
Em Moscou,  ursos russos suspendem o passo do ganso, temporariamente.
Coalas, serpentes, animais estranhos, terra e mar afora.
Cantos de baleias.
Pandas podem enfim acasalar em paz.
Golfinhos visitam Veneza quase deserta agora e quase limpa.
Aves aquáticas e animais marinhos curtem um sol nas praias sem humanos.
Noeh faz outra arca.

Hoje tocamos tambores para Iansã
Pedimos por outra festa como Omolu gosta.  
Humildemente pediremos esmolas, para as oferendas, distribuiremos comidas, banhos de pipoca no dia de São Lázaro, com a proteção a Deus.

Ao conhecer Omulu Iansã se aproximou de Omolu
Deusa dos ventos espalhou palha e filá

 levantar as palhas e o filah 
Fazer o sol brilhar no rosto de Omolu
Omolu irradiar beleza                                       
Dançar telúrico e solar                                                                                                                 humildemente pediremos esmolas, para as oferendas, comidas, banhos de pipoca e passes em dia de São Lázaro com a proteção a Deus.

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