Dança
para Omolu
Tambores para Omulu, Obaluê, Kalunga...
Te pedimos leve embora
a peste
que nos assola.
Curvado às dores do mundo
Chagas
cobertas com a palha
Omolu
dança
com o
xaxará e a lança.
E enquanto a morte se espalha
O orixá diz bem alto
-Silêncio,
Sou Omolu, eu mato!
Poderosos mandam ignorar
a peste?
ignora.
Tentam silenciar
a peste?
não se cala.
De olho nos negócios
mandam apressar
-quem tiver que morrer, que morra.
a peste ?
a peste ?
só cresce.
Mandam maquiar a feiúra dos números das mortes
a peste?
mostra a cara.
A nós
as máscaras,
prá não pegar e não passar
a peste?
Enterros sem cerimônia,
seja qual for a causa. só alguns da família.
Continuaram negando
A peste?
Caiu matando.
Derrubou dono do mundo, presidente, o primeiro ministro, califa e grão vizir, assim como o peão, o bispo, a rainha o rei,
em cheque mate.
Os que mandam todos os dias
os trabalhadores
para o trabalho e para a morte certa,
veem seu dia chegar.
Parece o fim do mundo dos livros sagrados.
Noeh faz outra arca.
A Peste derruba o mercado.
(Despejam
trilhões de dólares e nada,
mercados não reagem).
Invertem-se
os sinais.
Tráfego para.
Vias se
esvaziam.
Aeronaves ficam no chão.
Petroleiros
abarrotados
Petrodólares
de sangue, ceifaram vidas aos milhares
Agora
óleo sobrando, nem de graça, nem pagando.
Em Lisboa, a já Lusitana não roda.
A
economia para e o mundo
continua
a girar.
Ruas
desertas em Praga e Budapeste, Paris, Istambul, S. Petersburgo, Pequim, Tóquio,
Seul e Ho Chi Min.
Em Nova
Iorque, o Central Parque espelha um cemitério .
No Brasil acabou
nosso carnaval.
Na Praça
de São Pedro
só o Papa e Deus.
O mundo
assiste Urbe et Orbi na TV.
Francisco
desde Roma, ao universo clama por piedade
E aos
humanos por mais humanidade.
Animais
selvagens perambulam pelas ruas calmas.
Em
Londres, aves do paraíso, pavões reais e plebeus
Ornitorrincos, anfíbios, ovíparos, mamíferos, incríveis.
Em Moscou, ursos russos suspendem o passo do ganso, temporariamente.
Coalas,
serpentes, animais estranhos, terra e mar afora.
Cantos de baleias.
Pandas
podem enfim acasalar em paz.
Golfinhos
visitam Veneza quase deserta agora e quase limpa.
Aves
aquáticas e animais marinhos curtem um sol nas praias sem humanos.
Noeh faz
outra arca.
Hoje tocamos tambores para Iansã
Pedimos por outra festa como Omolu gosta.
Humildemente pediremos esmolas, para as oferendas, distribuiremos comidas, banhos de pipoca no dia de São Lázaro, com a proteção a Deus.
Ao conhecer Omulu Iansã se aproximou de Omolu
Deusa dos ventos espalhou palha e filá
levantar as palhas e o filah
Fazer o sol brilhar no rosto de Omolu
Omolu irradiar beleza
Dançar telúrico e solar humildemente
pediremos esmolas, para as oferendas, comidas, banhos de pipoca e passes em dia de São Lázaro com a proteção a Deus.