quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

VERISSIMO E O ESTRANHAMENTO

Tempos estranhos

Enquanto a direita se delicia com o espetáculo de capitalistas sendo presos, a esquerda realiza um sonho da direita, desmoralizar para melhor desnacionalizar a Petrobras

Tá tudo atravessado
Sem cabeça nem pé:
Home casa com home
Mulhé casa com mulhé.
Tempos estranhos, tempos estranhos. Enquanto a direita se delicia com o espetáculo de capitalistas sendo presos, a esquerda realiza um dos sonhos da direita, o de desmoralizar para melhor desnacionalizar a Petrobras. Um lado assumiu o papel do outro, é home com home e mulhé com mulhé, e não se entende mais nada. Despidas de todas as suas outras óbvias implicações, as revelações sobre a relação das empreiteiras com as estatais e o poder publico são uma aula do capitalismo de compadres em ação. Os escândalos do propinato na Petrobras e da cartelização em São Paulo para assegurar contratos sem obedecer à aborrecida formalidade de licitações provam, como se fosse preciso mais provas, o que está no Marx para principiantes: o caminho natural do capital é para o monopólio. O compadrio das empreiteiras faz pouco da importância da competição no mercado supostamente autorregulavel da pregação liberal. É compreensível que a direita festeje o embaraço da esquerda com as revelações que levaram diretores de empreiteiras à prisão e podem até punir a Dilma pela audácia de ganhar as eleições. Mas o capitalismo brasileiro também está levando suas lambadas neste entrevero.
O Roberto Campos chamava a Petrobras de “Petrossauro” e entregá-la a estrangeiros mais competentes sempre foi um mantra da direita. Os entreguistas não orquestraram o que está acontecendo com a Petrobras agora, mas, se tivessem planejado sua atual transformação, de orgulho nacional em vergonha nacional, não teriam tido tanto sucesso. É, irônica e dolorosamente, sob um governo de esquerda, aspas à vontade, que o orgulho está chegando a um estado terminal. Nem a Margaret Thatcher, que privatizou toda a Inglaterra, tocou no serviço nacional de saúde do país, que atravessou governos conservadores e pseudoprogressistas e permanece até hoje como uma espécie de cidadela socialista, sem aspas, em meio à comercialização de tudo. O Chile de Pinochet seguiu à risca a receita neoliberal da escola de Chicago para a sua economia, mas nem Pinochet acabou com o controle estatal do cobre, que também continua até hoje. Não se esperava que a cidadela Petrobras, que sobreviveu aos ataques da direita durante todos estes anos, fosse ser atacada por dentro. Mesmo que o governo não esteja envolvido diretamente no esquema da corrupção, é responsável pelo desleixo que a propiciou. E pela alegria dos entreguistas.
Tá tudo atravessado
Sem cabeça nem pé:
Não se sabe quem é o quê
Nem se sabe quem não é.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/tempos-estranhos-14797048#ixzz3Lb2zXYc2
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sábado, 6 de dezembro de 2014

Ex presidente estadista Latinoamericano

Ex presidentes podem continuar contribuindo politicamente e assumindo papel de estadista e liderança internacional...

Sábado, 06 de Dezembro de 2014 - 08:20

Mujica pede que Obama retire bloqueio a Cuba

Mujica pede que Obama retire bloqueio a Cuba
Foto: Reprodução,
O presidente uruguaio, José Mujica, pediu aos EUA para retirarem o bloqueio a Cuba, em uma carta aberta ao presidente americano, Barack Obama, publicada nesta sexta-feira (5). O pedido foi feito às vésperas da chegada de seis presos de Guantánamo ao Uruguai. "A ocasião é propícia para pedir novamente a retirada do injusto e injustificável embargo à nossa república irmã Cuba cujo herói nacional (o escritor e jornalista José Martí) foi cônsul do Paraguai, Argentina e Uruguai em Nova York", afirmou Mujica na carta. O presidente também pediu a "libertação de Oscar López Rivera, lutador da independência de Porto Rico, de 70 anos, preso político nos EUA há mais de 30 anos, 12 dos quais ficou em uma cela isolada. E a libertação de Antonio Guerrero, Ramón Labañino e Gerardo Hernández, cubanos presos nos EUA há mais de 16 anos". Segundo a Associated Press, os seis detentos liberados de Guantánamo ao Uruguai, foram presos de forma considerada injusta por supostas ligações deles com o terrorismo islâmico. Mujica ainda não confirmou a data de chegada. A imprensa local afirma que os presos chegarão até o fim deste mês. Desde que Obama assumiu a presidência, os EUA libertaram 43 presos de Guantánamo enviados a 17 países que aceitaram recebê-los. Outros 38 voltaram às suas nações de origem e 154 permanecem na prisão localizadas na ilha de Cuba. 


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

MANOEL DE BARROS VOA



 
Hoje, 13 de novembro de 2014 o poeta Manoel de Barros aos 97 de vida e poesia, partiu...

Manoel  de Barros Voa


O João de Barro, também poeta e pássaro 
construtor
já preparou
uma casa alada, prá o seu irmão mais velho, Manoel
que vivia nas nuvens,  continuar em terra, voando 
e descansando em paz...

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

DECLARAÇÃO DE NÃO VOTO


Compartilhando artigo de Clovis Rossi na FSP do domingo 09/10/2014
Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize o link 
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2014/11/1545523

domingo, 2 de novembro de 2014

UM FAVOR - de Lupicinio Rodrigues


...Maestro, músicos, cantores
Gente de todas as cores,
Faça esse favor pra mim
Quem puder cantar que cante
Quem souber tocar que toque
Flauta, trombone ou clarim
Quem puder gritar, que grite
Quem tiver apito, apite
Faça esse mundo acordar...

terça-feira, 28 de outubro de 2014

VOZES D'AFRICA- Castro Alves


VOZES D'ÁFRICA

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
— Infinito: galé!...
Por abutre — me deste o sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...

O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.

Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.

Por tenda tem os cimos do Himalaia...
Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais ...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
— Pagodes colossais...

A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...

Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c'roa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
Universo após ela — doudo amante
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.
....................................

Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...

E nem tenho uma sombra de floresta...
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador...
Quando subo às Pirâmides do Egito
Embalde aos quatro céus chorando grito:
"Abriga-me, Senhor!..."

Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: "Lá vai África embuçada
No seu branco albornoz... "

Nem vêem que o deserto é meu sudário,
Que o silêncio campeia solitário
Por sobre o peito meu.
Lá no solo onde o cardo apenas medra
Boceja a Esfinge colossal de pedra
Fitando o morno céu.

De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim ...
Onde branqueia a caravana errante,
E o camelo monótono, arquejante
Que desce de Efraim
.......................................

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!
........................................

Foi depois do dilúvio... um viadante,
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arará...
E eu disse ao peregrino fulminado:
"Cam! ... serás meu esposo bem-amado...
— Serei tua Eloá. . . "

Desde este dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando passa
O anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas,
E o nômade faminto corta as plagas
No rápido corcel.

Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão! ...

Cristo! embalde morreste sobre um monte
Teu sangue não lavou de minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre
Condor que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora
Venderam seu irmão.

Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito...
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...

São Paulo, 11 de junho de 1868 Castro Alves

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Uruguai tem história...

Não, não está todo mundo doidão no Uruguai

Por Sylvia Colombo
FSP -23/10/14 02:06
Ouvir o texto
Boceto_para_la_Jura_de_la_Constitución_de_1830
Todas as vezes em que vim a Montevidéu realizar alguma cobertura, nos últimos dois anos, foi assim. Amigos, conhecidos, contatos, imediatamente perguntam se vou comprar maconha, se aqui está todo mundo fumando na rua e se divertindo a valer, se Montevidéu virou uma nova e badalada Amsterdã e se tudo é permitido. Então, agora que começarão a sair as minhas primeiras matérias da cobertura das eleições uruguaias no próximo domingo, já queria logo avisar: Não, não está todo mundo doidão no Uruguai.
A Lei da Maconha, aprovada pelo Congresso em dezembro do ano passado, prevê que o Estado passe a se responsabilizar pelo cultivo, produção, e distribuição. O consumo já não era penalizado há décadas, muito antes de outros países latino-americanos. O que ainda falta regulamentar e está num impasse é a parte da comercialização, ponto mais delicado, pois os diferentes grupos políticos têm visões opostas sobre se o Estado deve ou não vende-la e se é ético que receba dinheiro por isso (leia matéria hoje no caderno Mundo).
O atual presidente, José “Pepe” Mujica, ficou internacionalmente conhecido por impulsionar essa lei. E com isso transformou-se num ícone do progressismo internacional. Mas será mesmo que se trata de algo revolucionário dentro do contexto histórico uruguaio? A resposta é não.
O Uruguai é um país singular na América Latina, e isso muito antes de Mujica nascer.
Durante os tempos coloniais, foi uma das poucas possessões ibéricas onde a Igreja não logrou expandir-se. Nem a Católica, nem nenhuma outra. Diferentemente de outros países da região, no Uruguai não há igrejas suntuosas, crucifixos ou símbolos religiosos em geral. O assunto é tratado como algo de foro privado.
Cidade de porto, muito aberta ao trânsito de estrangeiros, Montevidéu acolheu a diversidade do pensamento europeu nos séculos 18 e 19, principalmente. Situado entre dois gigantes, o Brasil e a Argentina, o Uruguai foi motivo de cobiça dos países-vizinhos, o que provocou um sentimento forte de defesa e apego à lei e às instituições locais. Esse sentimento ficou expresso nas vezes em que a cidade foi sitiada. A mais séria delas foi durante a chamada Grande Guerra, em que se enfrentaram os federalistas argentinos associados aos chamados “blancos” uruguaios, contra os unitários do país-vizinho, associados aos colorados.
O fato é que a capital do país passou oito anos cercada por tropas hostis, e aguentou esse período devido à formação de um bloco interno e militar de resistência composto por europeus, brasileiros, africanos, argentinos e uruguaios. O pensador e depois presidente da Argentina, Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888), quando chegou à Montevidéu às vésperas da campanha para derrubar o governo autoritário de Juan Manuel de Rosas (1793-1877) impressionou-se com o que viu. Em sua opinião, o porto uruguaio era muito mais cosmopolita, aberto e fervilhante que o de Buenos Aires. Entre os personagens célebres engajados na resistência de Montevidéu estava Giuseppe Garibaldi (1807-1882), depois conhecido como herói da unificação italiana. No Uruguai, Garibaldi dirigiu uma esquadra naval, e sua casa até hoje é um simpático museu na região portuária da cidade. O Império brasileiro mandou tropas, à época, para apoiar os sitiados.
A abertura desses anos deu lugar a uma série de governos arejados no começo do século seguinte, o principal deles foi o de José Battle y Ordoñez (1856-1929), que num período de duas presidências (1903-1907 e 1911-1915) transformou o país com uma série de leis e medidas progressistas e de proteção aos trabalhadores. Reformas trabalhistas, estímulo à imigração e políticas de proteção aos migrantes, fim da pena de morte, proteção a crianças ilegítimas, lei do divórcio e outras foram aprovadas nessa época. A separação de Igreja e Estado ficou mais explícita. Desse período até o fim dos anos 30, o consumo de maconha esteve permitido, o aborto foi realizado em hospitais públicos, assim como a eutanásia.
mujicadeuruguay
O legado de Mujica: a lei da maconha, a do aborto e a do casamento gay, aprovados durante o governo da Frente Ampla, não podem ser entendidos sem esse contexto histórico que explica, basicamente, o que é o Uruguai. Um estado profundamente laico, e no qual se respeitam o consenso e a expressão da maioria representados pela lei. O fato de manter a religião de lado das decisões políticas não significa, porém, que seja um país completamente liberal em termos de costumes. Ao contrário, é até bastante conservador e ancorado na família. Nem tampouco que as instituições funcionem como um relógio, há casos de corrupção e clientelismo, ainda que em menor grau.
Mais do que elevar Mujica às alturas, ou rotular o velho líder tupamaro de “doidão”, vale a pena conhecer porque esse país de características tão singulares que se criou entre o Brasil e a Argentina, mantendo conexões culturais tão fortes com ambos _a mistura da percussão afro e da lamúria tangueira na música da região é só um exemplo.
Uruguai. Tão perto, tão longe.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

TAREFA -Geir Campos

Tarefa
Geir Campos

Morder o fruto amargo e não cuspir
mas avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros quanto é injusto,
sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros quanto é falso;
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
— do amargo e injusto e falso por mudar —
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.



sábado, 4 de outubro de 2014

Maria Callas- Turandot

Compartilhando ária da ópera Turandot de Puccini por Maria Callas-
Os 3 enigmas:

- Qual é o fantasma que nasce todas as noites, apenas para morrer quando chega a manhã?"
-É a esperança,  responde o príncipe. Primeira resposta, correta.
O segundo enigma:
-O que é vermelho e quente como a chama, mas não é chama?
-O sangue,  responde o príncipe. Os sábios consultam seus livros: a segunda resposta também está correta.
O terceiro enigma:
-Qual é o gelo que te faz pegar fogo?
-Turandot! responde o príncipe.
 "Turandot! Turandot!" gritam os sábios em coro. Resposta correta!


Turandot, ACT 2 Scene II- Tre Enigmi M'hai Proposto! - Maria Callas música para ouvir e letra no Kboing

terça-feira, 30 de setembro de 2014

CROTALUS TERRIFICUS - Paulinho da Viola


Compartilhando Crotalus Terrificus de Paulinho da Viola.
Vi pela primeira vez numa antiga revista editada por Capinam (Ânima). Foi gravada por Arrigo Barnabé em Tubarões Voadores. Acho genial!


 
CROTALUS TERRIFICUS
Paulinho da Viola

Meu nome eu não sei na verdade
Mas como se pode notar amor em mim não falta
Espalho sonho entre aqueles de bem
Como um flautista o som de sua flauta
E muitos pensam que sou o mal
Mas sem provocar ninguém, aceito apenas as modulações
De minha natureza estranha, sensível e sensual
Minha vida é minha, não tenho idade
E não me achando linda às vezes um imóvel grito de dor emito
E morro de ciúmes por quem não me ama
E desapareço, ando só, ninguém me vê
É quando se pode sentir que sou humana
Mas se eu me mexer e sair e tremer meu chocalho
É meu destino envolver umidamente os homens distraídos
Marcá-los deixando meu veneno em suas vidas.

Crotalus terríficus terríficus
Me chamam certos senhores com malícia
Mas eu sou mística, não tenho nada de racional
Sou apenas uma cascavel no gosto popular.


















                                              

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

TURANDOT Andrea Bocelli

  Turandot

Andrea Bocelli

Turandot
Nessun Dorma
Nessun dorma, Nessun dorma!
Tu pure, o Principessa,
nella tua fredda stanza,
guardi le stelle
che tremano d'amore e di speranza.
Ma il mio mistero e chiuso in me,
il nome mio nessun sapra!
No, no, sulla tua bocca lo diro'
quando la luce splendera'!
Ed il mio bacio scioglierà il silenzio
che ti fa mia!
(Il nome suo nessun saprà!
e noi dovrem, ahime, morir!)
Dilegua, o notte! Tramontate, stelle!
All'alba vincero'! No one sleeps! No one sleeps!
You too, O Princess
in your cold room
are watching the stars
which tremble with love and hope!
But my secret lies hidden within me,
no one shall know my name!
No no, on your lips I will tell you,
when daylight will come
and my kiss shall break
the silence which makes you mine
no one shall discover your name!
And we will be able to die!)
Depart, oh night! Fade away, you stars!
At dawn I shall win!



RESUMO DA ÓPERA
Turandot foi a última ópera de Giacomo Puccini. Concluída em 1926, Conta a história de uma princesa, filha de Altum, imperador da China.  Turandot era uma princesa bela e cruel, traumatizada para sempre pela história de sua ancestral a princesa Lo-u-Ling, estuprada e assassinada quando os tártaros invadiram e conquistaram a China. Turandot jurou jamais se casar ou se entregar a um homem.
Mas o império Chinês precisava de um sucessor. A princesa então impôs uma condição ao imperador Altum:  O pretendente teria de resolver três enigmas. Caso falhasse pagaria com a própria vida. Três chances para morrer e apenas uma para viver ao  lado da bela princesa:

1. "Qual é o fantasma que nasce todas as noites, apenas para morrer quando chega a  manhã?"
2.    "O que é vermelho e quente como a chama, mas não é chama?"
3.    "Qual é o gelo que te faz pegar fogo?"
 
Ato I
"Perchè tarda la luna?"
O Príncipe da Pérsia não teve sorte: será executado ao nascer da lua. A multidão aguarda ansiosa para assistir à execução.
A lua surge no céu. Aparece o Príncipe da Pérsia a caminho do patíbulo;
Em êxtase místico, embriagado pela beleza de Turandot (que entra em cena pela primeira vez), não  parece assustado diante da morte.
Tomados de compaixão pelo jovem príncipe, todos suplicam-lhe por clemência. Sem hesitar um  segundo, num gesto imperioso, frio, e cruel, ela dá o sinal ao carrasco que faz descer o machado no pescoço do príncipe.  Neste exato momento surge o Príncipe Desconhecido e se apaixona por Turandot, anunciando sua intenção de se candidatar à mão da princesa. 
Signore ascolta”
No meio da turba ensandecida está o velho Timur, incógnito príncipe destronado dos tártaros, e sua fiel servidora Liù. O Príncipe Desconhecido, filho de Timur, exulta de alegria ao reencontrar seu pai, que julgava morto. Todos tentam demovê-lo da idéia: seu pai, os três ministros imperiais Ping, Pang e Pong, e Liù que, numa comovente ária, Signore ascolta, confessa que está apaixonada pelo príncipe desde o dia em que pela primeira vez o viu sorrir no palácio real.

Non piangere Liù
O Príncipe pede-lhe que nunca deixe de tomar conta de seu velho pai, se ele vier a faltar (Non piangere Liù). Aos gritos gerais de louco! insensato! o que estás fazendo? - o príncipe toma do martelo, e dá três golpes no gongo, sinal de que está se candidatando à mão de Turandot.

Ato II
Os três ministros Ping, Pang e Pong discutem o destino da China,  desde que Turandot começou a reinar. Ninguém mais tem paz no Celeste Império: o machado e os instrumentos de tortura funcionam noite e dia. Monta-se a cena diante do Palácio Imperial para a cerimônia dos enigmas.
Surge em cena o velho imperador Altum, que tenta convencer o jovem pretendente a desistir: "Permite, meu filho, que eu possa morrer sem levar para o túmulo essa culpa pela tua jovem vida, muito sangue já correu!" Mas é tudo em vão, a obstinação do jovem Príncipe Desconhecido deixa todos estupefatos. Surge Turandot, que olha o candidato com olhar frio, impassível, e cheio de desdém. Sua voz se faz soar pela primeira vez: 
"In questa Reggia"
"Neste palácio (In questa Reggia), já faz mais de mil anos, um grito desesperado ressoou; e aquele grito, da flor da minha estirpe, um eco eterno na minh'alma deixou. Princesa Lo-u-Ling!… Há séculos ela dorme na sua tumba enorme! Estrangeiro, desiste! Os enigmas são três, a morte é uma." 
Tendo o príncipe recusado sua última chance de escapar ileso,Turandot expõe seu primeiro enigma:  -Qual é o fantasma que nasce todas as noites, apenas para morrer quando chega a manhã? 
                     -É a esperança,  responde o príncipe. Os três sábios do reino consultam o livro das respostas: primeira resposta, correta.
Turandot, por um breve momento, parece ter sentido um choque, mas não se deixa abater, e diz cheia de escárnio: "Sim! A esperança que ilude sempre!"
Impassível, ela propõe o segundo enigma:
-O que é vermelho e quente como a chama, mas não é chama? 
-O sangue, responde o príncipe.
Os sábios consultam seus livros: a segunda resposta também está correta. Agora, Turandot parece ter perdido um pouco a compostura, mas se convence de que nem tudo está perdido.
O terceiro enigma:     -Qual é o gelo que te faz pegar fogo?
                                -Turandot!
"Turandot! Turandot!" gritam os sábios em coro. Resposta correta! Agora, o desespero toma conta de Turandot, que se atira nos braços do pai: "Pai, não me obrigue a entregar-me a este estrangeiro!" Mas seu pai lhe responde que nada pode fazer: o juramento é sagrado. O Príncipe Desconhecido, porém, afirma que não quer ter Turandot contra a vontade da princesa. Ele propõe-lhe, então, um único enigma; se ela responder corretamente, ele desiste dos seus direitos, e entrega sua cabeça ao carrasco. "Tens até a aurora," diz ele, "para descobrir meu nome."
Ato III
Funcionários públicos percorrem as ruas de Pequim com lanternas acesas. Numa ditadura perfeita, onde ela tem poderes ilimitados, Turandot ordenou que ninguém durma esta noite em Pequim: todos devem ajudar a descobrir o nome do Príncipe Desconhecido. É então que o príncipe canta a celebérrima ária Nessun dorma (Que ninguém durma). Os três ministros Ping, Pang e Pong tentam fazer de tudo para convencer o jovem a desistir, oferecendo-lhe lindas mulheres, riquezas, e um visto de saída da China - mas tudo em vão. De repente, alguém se lembra de que viu o jovem príncipe em companhia de Liù e do velho. Turandot ordena que Liù seja torturada, até que revele o nome do príncipe; ela morre sem dizer uma palavra, numa das mortes mais comoventes de todas as óperas. O dia nasce com o velho chorando sobre o cadáver de Liù. "Liù, bondade! Liù, doçura! Liù, poesia!". Calaf, o principe desconhecido vê Turandot, ela pede que todos saiam e tem um duo com ele (este já composto por Franco Alfano) em que ela se revela humilde. Calaf conta qual é o seu nome, e os guardas chegam; Turandot restaura seu orgulho, mas na hora de falar qual é o nome de Calaf ela fala que o nome dele é "Amor".

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A FLOR E A NÁUSEA - Drummond

Carlos Drummond de Andrade


A Flor e a Náusea
Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade )

SONATA PATÉTICA

 Sonata Patética  Cassiano Ricardo Como na música de Gil "Lá em Londres querendo ouvir Cely Campelo prá não cair naquela ausência,  naq...