domingo, 29 de setembro de 2013

HEGEMONIA ÀS AVESSAS?


HEGEMONIA ÀS AVESSAS?
"A classe dominante aceitou ceder aos dominados o discurso político, desde que os fundamentos da dominação que exerce não sejam questionados" 
(Francisco de Oliveira).

Ao falar dos perigos da despolitização em tempos de hegemonia precisamos deixar claro que o discurso moralista e contra a corrupção não pode ser o principal ou o único, sob risco de ser também um discurso despolitizado.  A principal crítica é de natureza política. O principal questionamento é ao poder político hegemônico representado pelo lulo-petismo e suas bases aliadas. Às políticas públicas que estão sendo postas em prática atualmente e aos interesses sociais, econômicos e políticos que representam.
Uma leitura despolitizada continua a ver apenas uma  inocente e necessária política de alianças onde tudo se justifica: abraçar Maluf,  apoiar e eleger Renan Calheiros, fortalecer as mais atrasadas oligarquias como Collor e Sarney ou as ‘modernizadas’ como os ruralistas, o agrobusiness.

 O poder acumulado nas mesmas mãos já dá o tom nas principais políticas sociais, econômicas, ambientais, agrárias,  indigenistas,  de saúde e educação, em franco retrocesso, mais neoliberais que os próprios e assumidos neoliberais, não poupando nem mesmo a saúde e o SUS em franca privatização.

Uma visão despolitizada e ingênua justifica o financiamento público concedido para criar os grandes campeões mundiais  ou grandes “players” globais. Uma política muito bem sucedida diga-se. O FRIBOI já se tornou o maior frigorífico do mundo. A AMBEV a maior cervejaria do mundo e seu proprietário segundo a ultima Forbes, o homem mais rico do Brasil, além do Blairo Maggi o maior plantador de soja (e maior desmatador- com o título internacional de rei da motosserra).  Basta seguir a Forbes, vão aparecer os irmãos Marinho da Globo e até o mal sucedido Eike Batista teve o seu quinhão do BNDES. É  também concentração de renda no mais alto grau.
A associação desse capital monopolista com os milionários fundos de pensão, sob controle do lulo-petismo, se constituem na base do poder econômico sem limites para a exploração desenfreada dos nossos trabalhadores e das nossas riquezas no presente e no futuro.

HEGEMONIA ÀS AVESSAS / HEGEMONIA TORTA?
Além de esclarecer aspectos importantes do conceito de hegemonia em Gramsci, o sociólogo brasileiro Francisco de Oliveira traça paralelos entre o caso concreto do Brasil sob o lulo-petismo,  configurando uma Hegemonia às Avessas:
Como na África do Sul do fim do apartheid, também no Brasil de Lula e do Bolsa Família parece que os dominados dominam, quando na verdade o governo capitula diante da exploração desenfreada
Traçando um paralelo com a África do Sul: 
“Talvez não tenha as mesmas cores dramáticas da África do Sul. Esses processos de comparação são perigosos em qualquer terreno. Mas vejo no governo do Lula algo parecido. Você derrota a poderosa discriminação social brasileira, derrota o preconceito de classe absurdamente alto num país com tradição racista, para que? Para governar para os ricos. E os ricos consentem, desde que os fundamentos da exploração não sejam postos em xeque. É o que o PT faz. É o que o governo do Lula faz. É ao avesso, portanto. A hegemonia é um conceito trabalhado por Antonio Gramsci que mostra que a dominação de classes, ou qualquer dominação, se dá sempre por uma mistura de consentimento e violência. Como sou do Nordeste, tenho muita experiência nisso. Você percebe que há um consentimento do dominado e o dominante tem obrigações que decorrem desse consentimento.  É o coronel que provê".
 Voltando à ética na política, e à corrupção, ambos encontram espaço na falta de limites ao poder político hegemônico representado neste momento pelo lulo-petismo e suas bases aliadas. A total falta de limites funciona como um verdadeiro convite ao cinismo, ao oportunismo político, à desonestidade intelectual e material, à corrupção, à impunidade.
Defender abertamente a transição de poder no Brasil, não me coloca numa posição anti-lulista/petista/dilmista e antes que me acusem de fortalecer o 'outro lado', os inimigos, devo dizer que não inventei este esquema bipolar, binário, maniqueísta e bipartidarista dissimulado. Meu universo é mais amplo e dinâmico. Também não nego conquistas e realizações sociais e históricas. Falo do presente e do futuro. 


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ASSÉDIO MORAL, GESTÃO POR INJÚRIA, POR MEDO, POR ESTRESSE

Em artigo intitulado Assédio Moral: A Violência 'Justificada' na Lógica Econômica, a autora Lis Andréa Sobol analisa diferentes formas de assédio moral, tanto interpessoal quanto organizacional como uma expressão extrema da violência psicológica no ambiente de trabalho:

Assédio Moral Interpessoal é definido como um conjunto de comportamentos hostis,  repetitivos, que perduram no tempo, constrangem, isolam, expõem e procuram destruir uma ou poucas pessoas escolhidas como alvos.

Assédio Moral Organizacional  a estrutura e os aparatos organizacionais são articulados para construir uma política de violência, formas abusivas de gestão como: 1) Gestão por Injúria; 2) Gestão por Estresse; 3) Gestão por Medo.

1.  Gestão por Injúria: Humilhações, constrangimentos, falta de respeito como forma de conseguir obediência e submissão. Tomam a forma de exposições que depreciam as pessoas, palavras que rebaixam, ataques na frente dos outros ou em particular. O alvo das agressões não é definido. Todas as pessoas do grupo / equipe são maltratadas indistintamente.

2. Gestão por Estresse: Tem o objetivo de aumentar o desempenho, a eficiência ou a rapidez no trabalho e não pretende destruir o trabalhador, embora as consequências para a saúde do trabalhador possam ser desastrosas e são devidas ao exagero das pressões impostas, com dosagens erradas.

3. Gestão por Medo: Tem a ameaça implícita ou explícita como estímulo principal para gerar a adesão do trabalhador aos objetivos organizacionais. Ser ameaçado de perder o emprego, o cargo, ou ser exposto a constrangimentos, favorece condutas de submissão e obediência, mas favorece também condutas agressivas. O trabalhador tende a atacar para não ser atacado, excluído, assumindo comportamentos anti-éticos, deteriorando o clima e as relações de trabalho.

"Tanto o assédio moral interpessoal como o  organizacional atingem a dignidade, a autossegurança e a identidade das pessoas,  que passam a questionar sua capacidade e competência,  podendo causar danos graves na saúde e na vida familiar".

PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (SUS-BAHIA)

O GOVERNO DA BAHIA ESTÁ COMPLETANDO A MAIS AMPLA PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (SUS-BAHIA) SEM NENHUMA DISCUSSÃO COM A SOCIEDADE (6).
Caros amigos,

No artigo de Sônia Fleury  UM REMÉDIO PARA SALVAR OU MATAR O SUS? algumas questões importantes são colocadas logo no início:

1. O SUS se tornou prisioneiro da ampliação do mercado de saúde.
A expansão dos contratos do setor privado com o setor público, ocorre em detrimento da rede pública existente. Nas palavras da autora, a criação do mercado de saúde no Brasil resultou da política dos governos militares de subsidiar o financiamento da construção da rede privada. “A naturalização da relação público-privada nos serviços de saúde procura obscurecer o caráter político da construção desse mercado, do qual o SUS se tornou prisioneiro”.

2. Controles Interno, Externo e Sociais do SUS e dos Direitos dos Servidores da Administração Pública são eliminados de um só golpe.
Nas palavras da autora: Redução do Estado, delegando a prestação dos serviços de saúde a um ente privado com mais agilidade no trato com pessoal e liberdade para compras e investimentos sem licitação. “De um só golpe livra-se do entulho democrático criado para a proteção dos servidores da administração pública (o RJU – Regime Jurídico Único- evitando de quebra os controles internos, externos e sociais”.
 (7)

Vale a pena destacar o que a autora analisa como os principais problemas apontados na literatura internacional com os processos de privatização de sistemas nacionais de saúde testados na Europa, especialmente no Reino Unido:

1. CONTRATOS LONGOS TENDEM A FRACASSAR-> PREJUÍZOS PARA OS GOVERNOS COM MAIOR ÔNUS FINANCEIRO -> PREJUÍZOS PARA O PACIENTE QUANDO O PROVEDOR REDUZ A QUALIDADE.

2. NA CRISE EUROPÉIA: -> CONTRATOS COM AS PPPs SE MOSTRARAM INFLEXÍVEIS -> ÔNUS E CORTES EM OUTROS SETORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ->A TRANSPARÊNCIA LEGALMENTE ASSEGURADA NO SETOR PÚBLICO NÃO SE APLICA AOS CONTRATOS DAS PPPS, (SEGREDO PARTE DO NEGÓCIO PRIVADO).

3. A ATENÇÃO EM HOSPITAIS PÚBLICOS NO REINO UNIDO CUSTOU MENOS QUE EM HOSPITAIS PFI (PPP) -> O IMPACTO DAS PPPS SOBRE AS DESIGUALDADES EM SAÚDE FOI NULO-> O GASTO PÚBLICO COM SAÚDE AUMENTOU EM VEZ DE REDUZIR.

4. POLITIZAÇÃO: -> O GOVERNO ATUAL SE BENEFICIA DA INAUGURAÇÃO DE UNIDADES DE SERVIÇOS -> CUSTOS SERÃO AMORTIZADOS NAS DÉCADAS SEGUINTES-> AGÊNCIAS INTERNACIONAIS PATROCINARAM AS PPPS, COM EXCLUSÃO DOS CONTRATOS DE LEASING DO CÁLCULO DA DÍVIDA PÚBLICA.

5. O FLUXO DE RECURSOS CAMINHA DO SETOR PÚBLICO PARA O PRIVADO E NÃO O CONTRÁRIO COMO APREGOADO NA PPP -> AS EMPRESAS VENCEDORAS DAS PARCERIAS SÃO AS PRINCIPAIS FINANCIADORAS DAS CAMPANHAS POLÍTICAS-> PRINCIPAIS BENEFICIÁRIAS DE FINANCIAMENTO PÚBLICO SUBSIDIADO VIA BNDES -> A UNIÃO EMITE TÍTULOS PÚBLICOS, AUMENTA DÍVIDA PÚBLICA E REDUZ A CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO DOS SISTEMAS UNIVERSAIS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE-> AS BENEFICIÁRIAS DAS PPPS SÃO ISENTAS DE CONTRIBUIÇÕES QUE FINANCIAM A SEGURIDADE SOCIAL, FECHANDO-SE O CÍRCULO..

8. POR FIM, A ALEGAÇÃO MAIOR DE QUE AS PPPS SERIAM UMA SOLUÇÃO PARA O SETOR DA SAÚDE NÃO SÓ POR RESOLVER O PROBLEMA DA GESTÃO, MAS TAMBÉM O DO FINANCIAMENTO, AO INJETAR RECURSOS PRIVADOS, PARECE SER UMA GRANDE FALÁCIA. SE OS PROBLEMAS COMEÇARAM COM A SISTEMÁTICA REDUÇÃO DO FINANCIAMENTO DA UNIÃO PARA A SAÚDE – DRU (DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS DA UNIÃO), PAGAMENTOS INDEVIDOS, REDUÇÃO DA PORCENTAGEM DO PIB –, COMPROMETENDO A GESTÃO E A QUALIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS, A SOLUÇÃO ENCONTRADA PARECE ACENTUAR TAIS PROBLEMAS.
 (8 -final).

O recente artigo da Sônia Fleury publicado no Le Monde Diplomatique intitulado REMÉDIO PARA SALVAR OU MATAR O SUS? postado e comentado por mim e outros amigos aqui e no FACE, analisa os principais problemas apontados na literatura internacional para os processos de privatização dos sistemas de saúde testados no Brasil, especialmente na Bahia, comparando com o que ocorreu na Europa, especialmente no Reino Unido,  respondendo à pergunta por ela formulada no título do artigo para concluir:

“ENFIM, AO IGUALAR O PÚBLICO E O PRIVADO EM BUSCA DE CRESCENTE INTERAÇÃO RUMO A UM PROJETO DE NACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE, O QUE SE ESTÁ FAZENDO É REDUZIR PROGRESSIVAMENTE O PAPEL DO ESTADO A FINANCIADOR E COMPRADOR, O QUE SERIA DECRETAR A MORTE PROGRESSIVA DO SUS”.

PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (SUS-BAHIA) SEM NENHUMA DISCUSSÃO COM A SOCIEDADE (1)

O GOVERNO DA BAHIA ESTÁ COMPLETANDO A MAIS AMPLA PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (SUS-BAHIA) SEM NENHUMA DISCUSSÃO COM A SOCIEDADE (1).

Caros amigos,

Com a anunciada privatização do Hospital Estadual Manoel Vitorino, o atual governo baiano estará praticamente concluindo a mais completa privatização do Sistema Público de Saúde da Bahia, jamais sonhada mesmo pelo mais radical dos neo-liberais, gestões carlistas, malufistas ou tucanas, de forma absolutamente autoritária sem qualquer debate com a sociedade.
O fato tem chamado a atenção de alguns dos principais intelectuais da saúde no Brasil, a exemplo de Sônia Fleury que publicou recentemente no Le Monde Diplomatique o artigo intitulado: REMÉDIO PARA SALVAR OU MATAR O SUS? – onde analisa diretamente o caso da Bahia e este processo de privatização em curso.
O artigo foi postado por mim recentemente aqui no FACE e agora estou iniciando alguns comentários que considero pertinentes.
Quem é da área de saúde pública conhece bem a autora, para que não conhece:

Sônia Fleury: Doutora em Ciência Política, professora titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape/FGV), onde coordena o Programa de Estudos da Esfera Pública (Peep), ex-presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e membro da Plataforma Política Social – Agenda para o Brasil do Século XXI.
O GOVERNO DA BAHIA ESTÁ COMPLETANDO A MAIS AMPLA PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (SUS-BAHIA) SEM NENHUMA DISCUSSÃO COM A SOCIEDADE (2).
A Bahia tem, o que é denominado no jargão acadêmico uma das mais importantes Escolas de Saúde Coletiva do país, reconhecida internacionalmente, tendo contribuições relevantes para a construção do SUS.
Ainda que mais modestamente, eu mesmo fui um dos alunos desta escola, e não posso me omitir quando alguns dos mais importantes autores de fora do estado, estão tomando o caso baiano como objeto de análise do atual processo de privatização do SUS, a exemplo do reconhecido prof. Gastão Wagner que publicou recentemente na revista Saúde em Debate, um artigo intitulado Reformas Neoliberais, Reforma Sanitária Brasileira e Fundações Estatais de Direito Privado: análise de documento da Fundação Estatal de Saúde da Família - (FESF) – Bahia.( Saúde em Debate• Rio de Janeiro, v. 37, n. 97, p. 219-232, abr./jun. 2013)

Há pouco tempo atrás eu postei um resumo e um link para este artigo e estou dando continuidade à análise do tema.
O Gastão Wagner está longe de ser um oposicionista ao governo. Trata-se do ex Secretário Executivo do Ministério da Saúde no primeiro mandato do governo Lula, autor de livros e trabalhos científicos como o que está citado e que pretendo comentar.
O GOVERNO DA BAHIA ESTÁ COMPLETANDO A MAIS AMPLA PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (SUS-BAHIA) SEM NENHUMA DISCUSSÃO COM A SOCIEDADE (3).
Sob o título O ESTADO CAPTURADO o Paulo Capel Narvai, professor titular da Faculdade de Saúde Pública da USP afirma: “O Estado brasileiro está capturado pelos interesses que querem acumular e reproduzir capital no setor saúde, esses interesses fazem valer sua vontade nos três poderes da República. No Legislativo, dois em cada três deputados tiveram parte de suas campanhas eleitorais financiadas por empresas que operam no mercado de ‘planos de saúde’. Assim, pode não ser necessário alterar a Constituição quanto ao que dispõe sobre saúde. Por outro lado, a proibição do financiamento privado de campanhas eleitorais faria um bem enorme à saúde dos brasileiros”.

O GOVERNO DA BAHIA ESTÁ COMPLETANDO A MAIS AMPLA PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE (SUS-BAHIA) SEM NENHUMA DISCUSSÃO COM A SOCIEDADE (5).

Caros amigos,
Dando continuidade ao tema, os autores do texto abaixo citado analisam especificamente na Bahia, as propostas de ‘novos modelos de gestão’, cujos principais representantes são Organizações Sociais/Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSs/ OSCIPs) e Fundações Estatais de Direito Privado (FEDPs), que "surgem em um contexto histórico no qual o processo de reformas neoliberais se agrava. Suas raízes mais profundas estão ligadas à consolidação do padrão de dominação de classes, que não foi superado pela redemocratização. No caso específico da saúde, estas reformas (ou contrarreformas) têm como uma de suas principais expressões o congelamento da implantação do SUS".

-PRECARIZAÇÃO E DEGRADAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO-
"O problema da força de trabalho continua sendo central, e, segundo Rezende (2008), é agravado pelos ‘novos modelos de gestão’:[...] a forma de gestão da força de trabalho do setor (quase escravagista), não só não foi alterada, como foi amplamente precarizada e submetida a novos modos de degradação, tais como a ausência de concurso público, vínculos múltiplos e ilegais, ambientes de trabalho insalubres, construção de uma visão desqualificadora do trabalho no setor público, adoção de mecanismos nefastos de competitividade e valorização desigual dos trabalhadores em condições de trabalho idênticas, dentre outras".

Reformas Neoliberais, Reforma Sanitária Brasileira e Fundações Estatais de Direito Privado: análise de documento da Fundação Estatal de Saúde da Família (FESF) – Bahia

1.Felipe M. Cardoso -mestrando em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas -Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) –(SP), Brasil. Médico Assistente do Programa de Saúde da Família da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – (SP), Brasil felipe_mcardoso@yahoo.com.br

2.Gastão Wagner de S. Campos -Doutor em Saúde Coletiva -Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Campinas (SP), Brasil. Professor Titular do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Campinas (SP), Brasil. -gastaowagner@mpc.com.br

BRASIL: OS PERIGOS DA DESPOLITIZAÇÃO EM TEMPO DE HEGEMONIA E VICE-VERSA AO CONTRÁRIO

BRASIL: OS PERIGOS DA 'DESPOLITIZAÇÃO' EM TEMPOS DE HEGEMONIA POLÍTICA E VICE-VERSA AO CONTRÁRIO (2).

O desejável seria construir algum entendimento do significado de hegemonia e de 'despolitização'.
Numa definição simplificada, hegemonia pode ser considerada como sinônimo de supremacia, predomínio, preponderância ou proeminência, Influência , liderança.(1)

Em se tratando de hegemonia política, o trabalho de tentar construir este entendimento remete a referências Gramsciano / Marxistas, assim como à origem histórica do termo, desde a antiguidade grega,  na constituição,  nas disputas e conquistas político militares, tendo como palco as cidades estado (Tebas, Atenas), e seus inimigos ou aliados próximos dos cenários gregos, troianos, espartanos ou mais distantes como os macedônios de Felipe e Alexandre Magno, compondo o intrincado jogo de poder visando conquistar hegemonia política e militar (2).

Autores brasileiros contemporâneos também se ocupam do tema da hegemonia, com destaque para Francisco de Oliveira que apontou para uma hegemonia às avessas(3) em relação ao partido no poder atualmente no Brasil, o PT. Esta análise merece ser retomada por sua atualidade.

No que diz respeito a Gramsci, embora muito utilizado por intelectuais e políticos para justificar a hegemonia atual, considero que sua principal contribuição diz respeito à contra hegemonia, campo no qual ele próprio se encontrava, escrevendo do interior da prisão a maior parte do tempo.

BRASIL: OS PERIGOS DA DESPOLITIZAÇÃO EM TEMPOS DE HEGEMONIA E VICE-VERSA AO CONTRÁRIO



Caros amigos,
Considero este momento como perfeito para compartilhar reflexões sobre a cena política brasileira e perspectivas para o futuro.
Da minha parte gostaria de compartilhar argumentos aberta e claramente a favor da alternância de poder no Brasil. Dentre os motivos que tornam o presente momento favorável a tal debate, destacaria principalmente o fato de as candidaturas a presidente da república ainda não estarem completamente definidas, tornando possível algum diálogo sem o clima de torcida fanática e a despolitizada  que costuma nos assolar nessas ocasiões.
 
BRASIL: OS PERIGOS DA 'DESPOLITIZAÇÃO' EM TEMPOS DE HEGEMONIA POLÍTICA E VICE-VERSA AO CONTRÁRIO (1).

Podemos começar então pelo vice-versa ao contrário: os perigos da hegemonia política em tempos de 'despolitização'.

Nosso principal foco é o Brasil presente, onde se consolida a hegemonia política do bloco formado pelo partido atualmente no poder e suas bases aliadas, enquanto se projeta para o futuro próximo, uma volta ao passado, repetindo a tentativa de aprisionar numa disputa binária /plebiscitária a luta pelo poder político de forma restrita ao lulo-petismo de um lado, e do outro o fhc-peessedebismo e suas respectivas “bases aliadas”.

Como se o Brasil com toda a sua (nossa) complexidade atual, pudesse ser o país de algum aiatolá. Como se estes dois partidos apresentassem de fato, no essencial, no presente, alguma diferença político ideológica quanto às transformações sociais que necessitamos.
Tal projeção bipolar com o seu bipartidarismo dissimulado,  para ser concretizada precisa de um cenário de despolitização do cidadão brasileiro. Só assim a hegemonia política poderá ser consolidada

LIVRE PENSADOR E SEM PARTIDO




LIVRE PENSADOR E SEM PARTIDO

Não sei se é realmente necessária a explicitação do meu posicionamento político atual, porém como me proponho a defender abertamente a alternancia do poder no Brasil neste momento, aqui antecipo preventivamente, que há muito tempo e depois de muitas divergências, aprendi com o meu pai a me posicionar como um livre pensador e sem partido. Isso foi antes de conhecer o Millor, o que aprofundou meu posicionamento.

Sei das diferentes formas de intimidação intelectual que forças hegemônicas acionam quando nos assumimos em campo contra hegemônico e nos recusamos a aceitar os inimigos ou aliados que nos queiram impor,  mesmo sob pena de sermos também considerados inimigos, não só do poder hegemônico, mas do povo, do país, dos pobres, da democracia ou até da humanidade.
Não dá prá levar a sério mas, mesmo assim, se for tratado como inimigo, ou constrangido a declarar apoio ou oposição a algo ou alguém, só resta confessar desde já que tais sentimentos não serão correspondidos.

Na minha experiência profissional como funcionário público ou consultor de saúde coletiva, tive de trabalhar sob governos de diferentes orientações político ideológicas, como Antonio Carlos Magalhães, Leonel Brizola, José Serra, FHC e Lula. Nunca me passou pela cabeça, algum risco de me tornar Carlista, Serrista, Brizolista ou Lulista ou Fernandista. Devo ressaltar que nunca tive a pretensão infantil de só trabalhar profissionalmente por afinidades ideológicas. No que me diz respeito não faz a menor diferença quanto ao meu empenho e dedicacão profissionais, a vinculação ideológica dos detentores do poder nas instituições públicas onde trabalhei.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

PASOLINI REVISITADO



 


Pasolini revisitado
As reflexões de Pasolini contidas nas crônicas publicadas sob o título de CAOS, principalmente o texto abaixo, expressam um pouco do sentimento de ativistas políticos da minha geração. Tais reflexões embora não sejam novas,  permanecem,  desconcertantemente atuais e lúcidas como uma revelação da experiência vivida até este início do século XXI .

“Não sou um indiferente, nem tampouco simpatizo com o que (hipocritamente) é chamado de 'posição independente'. Se sou independente, sou-o com raiva, dor e humilhação: não aprioristicamente, com a calma dos fortes, mas forçadamente. E, portanto, se me preparo – nesta coluna, uma franja da minha atividade de escritor – para lutar como posso, e com toda a minha energia, contra qualquer forma de terror, é na verdade porque estou só. Meu caso não é de indiferentismo nem de independência: é de solidão. E é isso, de resto, o que me garante uma certa (talvez louca e contraditória) objetividade. Não tenho atrás de mim ninguém que me apóie ou com o qual eu tenha interesses  comuns a defender"


SONATA PATÉTICA

 Sonata Patética  Cassiano Ricardo Como na música de Gil "Lá em Londres querendo ouvir Cely Campelo prá não cair naquela ausência,  naq...