TENTATIVA PARA SALVAR A POESIA:
A poesia agoniza e eu choro
com medo de perder a vaga
de poeta.
Os mais velhos recomendam
cautela com a emoção, repouso, caldo de galinha e linguagem à antiga.
Os fatalistas lamentam o cinema e chamam ao nosso século o “das artes visuais”.
A televisão é a culpada sentencia um jornalista versado em filatelia,
enquanto uma equipe de cirurgiões estetas luta para livrar o coração da enferma de adiposidades românticas.
E eu, que havia programado uma carreira nas letras,seguro a caneta como um boi a olhar um palácio.
Cruzo na sala de espera
com médicos anestesistas Concretistas, praxistas
e derrubo uma bandeja de letrinhas coloridas, espaços em branco,ideogramas chineses, balas – belas – bilis – bolas – bulas e seringas.
Quando dou por mim estou chutando um caranguejo
e comendo bala de goma
e limpando um cisco na dragona enquanto o dragão não vem. Quero ver quem tem coragem pra contestar
leva rasteira quem se levantar e toma golpe de karatê e cotovelo na cotovia e samba-de-breque teleco-teco peteleco na orelha – segura, meu chapa!
e é só esteta voando contra a parede com nariz de sangue e olho inchado de levar porrada.
Abro a janela e mando a doente sair pela tangente com um tapa no traseiro e outros babados.
A menina não tem nada, minha gente.
ai, morena, pega teu rumo
e toma tento
que essa frescura te mata.
com medo de perder a vaga
de poeta.
Os mais velhos recomendam
cautela com a emoção, repouso, caldo de galinha e linguagem à antiga.
Os fatalistas lamentam o cinema e chamam ao nosso século o “das artes visuais”.
A televisão é a culpada sentencia um jornalista versado em filatelia,
enquanto uma equipe de cirurgiões estetas luta para livrar o coração da enferma de adiposidades românticas.
E eu, que havia programado uma carreira nas letras,seguro a caneta como um boi a olhar um palácio.
Cruzo na sala de espera
com médicos anestesistas Concretistas, praxistas
e derrubo uma bandeja de letrinhas coloridas, espaços em branco,ideogramas chineses, balas – belas – bilis – bolas – bulas e seringas.
Quando dou por mim estou chutando um caranguejo
e comendo bala de goma
e limpando um cisco na dragona enquanto o dragão não vem. Quero ver quem tem coragem pra contestar
leva rasteira quem se levantar e toma golpe de karatê e cotovelo na cotovia e samba-de-breque teleco-teco peteleco na orelha – segura, meu chapa!
e é só esteta voando contra a parede com nariz de sangue e olho inchado de levar porrada.
Abro a janela e mando a doente sair pela tangente com um tapa no traseiro e outros babados.
A menina não tem nada, minha gente.
ai, morena, pega teu rumo
e toma tento
que essa frescura te mata.
Eduardo Alves da Costa
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