domingo, 11 de maio de 2014

Pasolini e o VAMPIRISMO BURGUÊS


Compartilhando a desconcertante atualidade de Pier Paolo Pasolini - (CAOS- Crônicas políticas) 

"Pois bem: a coisa ficará clara quando eu especificar que, por burguesia, não entendo tanto uma classe social quanto uma verdadeira doença. Uma doença muito contagiosa: tanto isso é verdade que ela contagiou quase todos os que a combatem:  desde os operários nortistas aos operários emigrados do Sul, aos burgueses da oposição, aos 'sós' como eu. O burguês  - digamos espirituosamente - é um vampiro que não fica em paz enquanto não morde sua vítima no pescoço,  pelo puro, simples e natural prazer de vê-la se tornar pálida, triste, feia, desvitalizada, disforme, corrompida, inquieta, cheia de sentimentos de culpa, calculista, terrorista, tal como ele mesmo. 
Quantos operários, quantos intelectuais, quantos estudantes foram mordidos pelo vampiro, e, sem sabê-lo, estão também eles se tornando vampiros!

 
Reflexões de Pasolini  em 1968-(Pier Paulo Pasolini -CAOS -Ed. Brasiliense)
“Não sou um indiferente, nem tampouco simpatizo com o que (hipocritamente) é chamado de “posição independente”. Se sou independente, sou-o com raiva, dor e humilhação: não aprioristicamente, com a calma dos fortes, mas forçadamente. E, portanto, se me preparo – nesta coluna, uma franja da minha atividade de escritor – para lutar como posso, e com toda a minha energia, contra qualquer forma de terror,  é na verdade porque estou só. Meu caso não é de indiferentismo nem de independência: é de solidão. E é isso, de resto, o que me garante uma certa (talvez louca e contraditória) objetividade. Não tenho atrás de mim ninguém que me apoie ou com o qual eu tenha interesses  comuns a defender"     

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